terça-feira, 20 de agosto de 2013

ROSÁRIO: Abatedouros irregulares põem em risco a saúde da população



Cabeças de boi espalhadas por todos os lados, restos de pele, crinas cortadas, manchas de sangue e fezes ainda frescas. O odor de carniça se apodera do ambiente e só dá trégua quando o vento sopra forte. Duas mangueiras, cujos galhos mais fortes apresentam marcas de cordas, completam o cenário de ‘moita’, local onde funciona um dos pontos de abate clandestino de animais para o consumo humano, existentes em Rosário, a 78 km de São Luís, na região Norte do Estado.
Segundo os relatos da denuncia, os bovinos abatidos e vendidos semanalmente no Mercado Público e em estabelecimentos espalhados pela cidade, quase todos são mortos de forma clandestina, sob a copa de árvores e até próximos a estribarias.
Segundo apurado, o abate clandestino de animais ocorre no município desde que o Matadouro Público foi interditado pelo Ministério Público do Trabalho, em janeiro de 2013, por falta de condições sanitárias e de segurança para operar. “É preciso definir urgentemente a construção de um novo matadouro ou reformar o atual. Do jeito que está a população é a maior prejudicada, pois come uma carne que não sabe a procedência”, afirmou o morador ao blog.
O Blog do Udes Filho tomou conhecimento de um dos pontos de abate clandestino de animais. O local fica a 5 km do Centro da cidade, nas proximidades do povoado São Simão. Os troncos mais robustos de duas mangueiras são usados para içar os animais, depois de mortos, onde são retalhados. Tudo ao ar livre, sem nenhuma higiene. O piso é a terra preta batida, encharcada de sangue e coberta por fezes.
As carcaças inservíveis são jogadas de ribanceira abaixo, na tentativa de ocultar os vestígios, em vão. Muitas ainda foram encontradas ontem, com pele, cobertas por moscas varejeiras. Revoltado com a situação, o consumidor rosariense resolveu denunciar o descaso.
Mais não é só isso que preocupa o consumidor. O sistema de transporte e armazenamento da carne também é irregular. Perecível, a mercadoria é transportada em carrocerias de camionetas, porta-malas de carros pequenos e carroças. A falta de higiene tem continuidade nos postos de vendas, onde o produto é exposto em cima de balcões de alvenaria ou pendurados em ganchos. Os ossos são quebrados em cima de um cepo de madeira.
CRUELDADE E CRIME AMBIENTAL
Na moita, os animais são sacrificados a golpes de marreta, ou machado, de forma cruel e desumana. Depois de caído, o animal é sangrado com uma faca na jugular. Em seguida, no chão, coberto com folhas de bananeira, ou plástico, o animal é cortado retirada das vísceras.

Alguns animais são presos por uma perna e pendurados de cabeça para baixo antes que suas gargantas sejam cortadas, resultando em danos dolorosos dos tecidos em 50% dos casos. Além da falta de higiene durante todas as fases do processo, o abate precário impõe riscos à saúde humana.
O abate clandestino pode afetar também o meio ambiente, na medida em que pode acarretar poluição ambiental com o depósito irregular da mercadoria ou com dispensa de dejetos em mananciais.

(Por Udes Filho/O Quarto Poder)

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